Vilarinho das Furnas
Pedra sobre pedra de granito cresci,
Sobre pedra de granito repousei.
Pedra de granito sob o céu senti,
No granito sob o céu cantei.
Sob o céu e mergulhada na água morri,
De pedra mergulhada na água permaneço.
Mergulhada na água e na memória de granito desapareço,
Na voz e na memória silenciada de quem em mim vivia adormeço.
Na memória de granito de quem conheci renasço,
Pedra sobre pedra de granito te abraço.
Aldeia da Luz
Luz velha submersa, à pressa.
Devagar veio a desgraça,
De quem afoga as lembranças
Em Luz nova sem graça,
Sem calçada gasta,
Sem memórias de quem lá vive e passa.
Luz nova, sem pressa,
Assim é na planície inteira.
Há também quem assim a queira,
Terra e gente submersa.